O hexacampeão mundial Jonathan Rea em sua primeira visita ao país, participou de dois dias intensos de atividades promovido pela Kawasaki Motores do Brasil (KMB). O piloto da Kawasaki Racing Team (KRT) deixou a Argentina após conquistar pontos importantes para o classificatório geral do Mundial de Superbike e cravar um novo recorde no Circuito San Juan Villicum, com o tempo de 1’37.277. Na 10ª e antepenúltima rodada do campeonato, realizada na província de San Juan, neste final de semana, o norte-irlandês garantiu a vice-liderança na ‘Corrida 1’, foi terceiro colocado na ‘SuperPole Race’ e terminou a etapa sul-americana com mais uma terceira posição na ‘Corrida 2’. Com o resultado, Jonathan Rea somou 43 pontos e manteve a terceira colocação no Mundial, com 409 pontos.
Apesar de uma vida dedicada quase que exclusivamente à motovelocidade, Jonathan Rea é muito mais de que um exímio piloto. O norte-irlandês de 35 anos já escreveu um livro, é casado e pai de dois filhos, possui uma relação de deferência com a monarquia britânica e já recebeu uma porção de títulos honoríficos, que incluem o de ‘Personalidade do Ano’, concedido pela BBC Irlanda do Norte Sports e ‘doutorado honorário’ pela Queen’s University Belfast. Tratando-se especificamente das titulações, as mais importantes foram deferidas pela realeza. Em 2017, Rea se tornou ‘Membro da Ordem do Império Britânico’ ao receber o título de ‘MBE’ por suas conquistas na motovelocidade, e, mais recentemente, no dia 13 de outubro deste ano, foi agraciado pela Princesa Anne, em cerimônia no Palácio de Buckingham, com a honraria de ‘Oficial da Ordem do Império Britânico’, também denominada de ‘OBE’.
Pessoa de hábitos simples e dedicada à família, Jonathan Rea é casado há 10 anos com a australiana Tatia Rea, com quem tem os filhos Jake, de nove anos, e o caçula Tyler que completa sete anos nesta semana. Em sua casa, localizada no pequeno vilarejo de Templepatrick – cerca de 20 quilômetros de Belfast, capital da Irlanda do Norte – conta ainda com a presença constante de Bruno, o cachorro de estimação das crianças. A rotina pacata na tranquila localidade de pouco mais de 1,5 mil habitantes se contrasta com as constantes viagens ao redor do mundo para as disputas do Mundial de Superbike.
Apesar disso, a vida nem sempre foi assim. Anteriormente, Jonathan Rea passou alguns anos sem domicílio fixo, acompanhando a organização do Mundial de Superbike, até instalar residência em Castletown, na Ilha de Man.
“Poderíamos ter nos estabelecido em qualquer um dos países onde corro. Escolhemos Ilha de Man, inicialmente, porque um companheiro de equipe morava lá. Mas como minha carreira começou a literalmente acelerar e estávamos viajando mais e sendo convidados para todos os tipos de eventos, minha mãe estava tendo que voar toda hora para tomar conta dos meus filhos. Era pedir demais e esse não era o jeito que eu imaginava de criar a minha família”, explicou Rea.
A decisão de voltar à Irlanda Norte foi o caminho natural para oferecer aos filhos a vivência com os avós – Johnny e Claire – e demais familiares, além da disponibilidade de boas escolas e maior qualidade de vida que a região próxima à capital poderia oferecer. De volta ao seu país de origem, nos momentos de folga, Jonathan Rea consegue achar tempo para assistir aos filhos jogarem futebol pela equipe mirim do Linfield, um dos principais clubes do país.
Quando não está acelerando sua Ninja ZX-10RR pela Kawasaki Racing Team (KRT), Jonathan Rea segue dedicando parte do seu tempo livre aos esportes. Fã de rugby e futebol, além de ser praticante amador de golfe, o piloto – assim como a grande maioria dos seus companheiros de motovelocidade – se diverte nas pistas de motocross e mantém o preparo físico com o pedal com sua mountain bike.
Apesar disso, os momentos de folga são quase que totalmente voltados à família. Jonathan Rea descreve seu ‘dia ideal’ da seguinte forma: “Tatia participa de uma aula de ioga pela manhã, levo os meninos ao cinema, almoçamos juntos e depois saímos todos à tarde com os meninos em suas bicicletas“. Já em casa, uma de suas atividades preferidas é, acredite, cozinhar! Deixando um pouco de lado o macacão e assumindo o dólmã – aquele casaquinho branco cheio de botões que os chefs usam –, Rea apresenta suas habilidades no fogão ao preparar uma lasanha, enquanto a esposa se destaca na delicada comida tailandesa.
Além do hobby com as panelas, o norte-irlandês também tem seu lado literato. Em 2019, o piloto se arriscou no mundo das letras e lançou o livro “Dream. Believe. Achieve. My Autobiography”, publicado pela editora HarperCollins. Na obra de 320 páginas, Jonathan Rea apresenta uma visão bem-humorada sobre sua vida nas pistas e revela um cotidiano de dedicação austera ao esporte e sua obsessão para chegar ao topo.
“O livro não foi uma distração. Quando concordei em fazê-lo, sabia que tinha que me comprometer 101%. É a única maneira que conheço de fazer as coisas. Eu sabia que seria um trabalho árduo, mas não sabia o quanto. Olhando para a minha vida, cada capítulo trouxe lembranças incríveis, já alguns nem tanto”, comenta Rea.
Com DNA de esportividade correndo nas veias, Jonathan Rea herdou o gosto e a habilidade em levar as motocicletas ao extremo. Seu pai, Johnny Rea, teve uma breve carreira na motovelocidade, onde conquistou seu único título em 1989 ao vencer a Junior TT Race, a tradicional prova de rua realizada na Ilha de Man. Já o seu avô John Rea, empresário e fundador da Rea Distribution – uma das principais empresas de transportes da Irlanda do Norte criada na década de 1970 – ganhou fama por sua paixão pelas motos ao lançar a equipe Rea Racing e financiar o amigo e piloto Joey Dunlop. No comando de uma Yamaha TZ 750 cedida por John, Dunlop obteve sua primeira vitória na ‘TT da Ilha de Man’, em 1977, e, posteriormente, tornou-se o maior expoente e recordista de vitórias na competição.
Assim como o esporte integra profundamente a genealogia dos Rea, os momentos em família ocupam um espaço importante na vida do piloto. E uma das datas mais significativas é o Natal. Esta é a ocasião em que todos se juntam para decorar a casa, o que inclui a montagem de uma árvore repleta de enfeites, bolinhas e luzinhas; em seguida, vestem-se com roupas com temas natalinos para enfim compartilharem uma tradicional ceia de Natal. “Eu amo o Natal. Lá em casa estaremos nós e toda a família… o peru, as guarnições, todos abrindo seus presentes do jeito que me lembro quando era criança”, diz Rea.
Confira como foi a LIVE com Jonathan Rea na segunda-feira (24) de outubro no Hotel Pullman em Guarulhos – SP.