A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a ampliação da infraestrutura pública de recarga para veículos elétricos na cidade, em parceria com C40 Cities e The Climate Pledge (TCP), por meio da iniciativa global Laneshift. A meta é instalar 15 novos eletropostos públicos de recarga rápida até 2028, consolidando o compromisso da cidade com a inovação, a sustentabilidade e a descarbonização do transporte urbano.
O programa internacional da C40 e do TCP apoia cidades da América Latina e da Índia na transição para o transporte de carga de zero emissão, oferecendo assistência técnica, financiamento e fortalecimento de políticas públicas em parceria com o setor privado.
O anúncio foi feito durante o evento “Rio avança no transporte de carga zero emissão para um futuro sustentável”, na última sexta-feira (31), no Porto Maravalley.
“Em parceria com a Laneshift, estamos ampliando a infraestrutura pública de recarga e preparando o Rio para o crescimento da frota elétrica, gerando empregos verdes e impulsionando uma economia mais limpa e moderna”, afirmou o prefeito Eduardo Paes.

Gabriel Tenenbaum, Diretor de Implementação para a América Latina na C40, destacou que no Rio de Janeiro, um terço das emissões totais vem dos transportes rodoviários e que o setor é um dos maiores emissores da América Latina. “Na jornada de descarbonização e transição energética, apoiamos as cidades da América Latina há pelo menos cinco anos – e percebemos que é fundamental olhar com atenção para o desafio representado pelo transporte de carga”.
O encontro também celebrou o lançamento da Aliança Cidade-Empresa Laneshift, que reúne oito companhias – Volkswagen Caminhões e Ônibus, Grupo HEINEKEN, VAMOS, EZVolt, PRA LOG, Hawk, Evolution Mobility e Parceiro Spot – em uma parceria inédita entre o poder público e o setor privado para acelerar a adoção de veículos de carga de zero emissão.
Desde julho, a Aliança opera um projeto demonstrativo de recarga, com os dois eletropostos abertos ao público do Rio, o Eleposto Carioca, na Barra da Tijuca, primeiro hub de recarga em área pública do Rio de Janeiro, e outro na Avenida Brasil, que funcionam como laboratórios urbanos. O Eletroposto Carioca foi desenvolvido pela Prefeitura do Rio de Janeiro por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e experimentado no Sandbox.Rio.
O piloto já contabiliza mais de 1.000 sessões de recarga, 110 veículos de carga (100 vans e 10 caminhões) e 35 MWh consumidos, sendo que 20% de todas as recargas públicas da cidade já correspondem ao transporte de carga. As evidências coletadas irão subsidiar a implantação dos novos pontos até 2028, meta incluída no Plano Estratégico 2025-2028 da cidade com apoio técnico da Laneshift.
Segundo a Lùth-e, consultoria especializada no setor de transportes, as recargas de veículos de carga evitaram 35,3 toneladas de CO₂e, o equivalente a retirar 90 carros de circulação no último trimestre. Motoristas ainda relataram maior conforto e desempenho nos veículos elétricos, e, para as empresas, o projeto impulsionou a movimentação no entorno dos postos e na percepção de segurança.
“Hoje, a falta de infraestrutura de recarga ainda é um dos principais entraves para a adoção em massa dos veículos elétricos, tanto no transporte cotidiano das pessoas quanto para os operadores logísticos”, reforçou Gustavo Tannure, CEO da EZVolt. “Mas, uma vez superado esse obstáculo, os benefícios são enormes. Acredito que o grande desafio é superar essas barreiras, e iniciativas como a Laneshift são fundamentais nesse processo”.
Sarah Dimson-Tararuj, líder de Projetos e Programas Estratégicos do The Climate Pledge, da Amazon, concluiu: “A descarbonização da mobilidade acontece quando unimos infraestrutura, inovação e colaboração. Iniciativas como esta mostram que é possível transformar ambição climática em soluções reais, que geram impacto positivo nas cidades, na economia e na vida das pessoas”.
Referência em eletrificação
O transporte rodoviário no Rio de Janeiro é responsável por 35,9% das emissões de gases poluentes. A concentração média anual de partículas inaláveis – resultado da queima de combustíveis fósseis de veículos a diesel, poeira e queimadas – varia entre 11 e 17 µg/m³, acima do limite de 10 µg/m³ recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com investimentos contínuos em eletromobilidade, o Rio vem se consolidando como referência nacional e internacional. Em 2019, tornou-se a primeira cidade do Ocidente a contar com uma frota de caminhões de coleta de lixo 100% elétricos. Agora, com o apoio da Laneshift, o município inaugurou, em fevereiro deste ano, seu primeiro eletroposto em terreno público, na Barra da Tijuca.
A cidade do Rio de Janeiro, referência em eletrificação de frotas, também sedia a Cúpula Mundial de Prefeitos da C40 2025, entre 3 e 5 de novembro, reunindo líderes de quase 100 cidades do mundo. É uma oportunidade de intercâmbio de experiências e impulso à agenda climática global, em preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém em novembro.

