Uma história verdadeira, acontecida no início dos anos 80 que dá, aos motociclistas, uma lição de como se precaver, para não passar por apuros depois de um belo dia de praia.
Era um domingo qualquer. Na pequena rua da cidade, o “bibibip” da pequena moto, de 125 cc, fez-se ouvir. Mas o motoqueiro não estava trafegando pelo “corredor” ou entregando encomenda, mas sim tocando defronte da casa da Maria das Dores, a namorada do Zé Antônio, entregador de pizzas nas noites e de pequenas encomendas durante o dia (coisa mais rara no início dos anos 80, mas já existiam). Ela já o esperava, ansiosa!
Naquele domingo haviam combinado um passeio até a praia, aproveitando o dia de muito sol prometido pela “moça do tempo” durante toda a semana. “Muito sol e muito calor no domingo”, ouviram os dois. Mas não ligaram para o que foi dito depois: “mas tenham cuidado porque a temperatura cairá muito rapidamente ao final do dia, passando dos quase 30° , para quase 12°. Ou seja, iria fazer frio, muito frio, quando o sol se fosse.
Maria das Dores, com um short e blusa de mangas curtas, abraçou o namorado que também usava um short e camiseta regatas. Ambos de chinelos de dedos (coisa proibida para o condutor de motocicleta). Enfim, fora o capacete, nada mais impróprio para quem vai viajar em uma motocicleta.
Mas eram jovens e queriam aproveitar bem o dia de sol prometido. Na mochila, ela levava sanduíches, e ele, alguns refrigerantes. Nada de álcool porque nesse aspecto, o Zé seguia as regras, só bebidas “zero”! E lá se foram serra abaixo, na estrada, rumo ao sol e ao mar.
Tudo foi como eles planejaram. Fez muito calor, tomaram banhos e mais banhos de mar, comeram seus sanduíches e tomaram os refrigerantes. Colocaram as latinhas no lixo e guardaram os potes que abrigaram os sanduíches de atum que tanto gostavam.
Bem, mas em pouco tempo, pelo como determinava o relógio, o sol ia se esconder, mas ainda aquecia aqueles dois enamorados. Tomaram uma “chuveirada”, nos chuveiros colocados na orla e foram para a 125 que os aguardava com o banco ainda aquecido pelo sol.
Saíram da praia, rodando cerca de 8 quilômetros até chegar na estrada. E foi aí que tudo começou. Conforme “prometera” a moça do tempo, a temperatura começou a cair, antecipada por uma ventania, e, rapidamente, em pouco tempo caiu para 12°, bem diferente das marcas anteriores que chegaram aos 30º, dominando todo o dia. E os dois ali, de blusinha e camiseta regata. Maria das Dores começou a chorar de frio, enquanto o Zé Antônio sentia dificuldades em “pilotar” a máquina.
Suas mãos perderam a sensibilidade e já era quase impossível controlar os comandos da moto. Os reflexos pareciam não existir mais, enquanto Maria das dores chorava muito, pedindo para ele parar.
Foi o que o Zé Antônio fez. Ele tinha medo de perder totalmente o controle da sua 125. Por isso, parou no acostamento, abraçaram-se, para ver se conseguiam vencer o frio que tomava conta daquele fim de dia, acompanhado de um vento que aumentava de intensidade a cada momento.
Tudo porque, nas mochilas não havia nada que deveria sempre acompanhar um motociclista: casaco e luvas, ou, pelo menos, uma daquelas capas de chuva (sorte deles que não choveu), que ajudaria a suportar o frio.
Quando acordaram, estavam dentro de uma ambulância, que os levava para um hospital em São Bernardo do Campo. Assustados, perguntaram o que acontecera e a enfermeira respondeu que havia ffeito muito frio (mencionando as roupas erradas que usavam) e sofreram hipotermia, que é a queda significativa e perigosa da temperatura do corpo. Maria das dores ainda chorava, assustada com tudo aquilo e jurou nunca mais sair para passear de moto sem levar um casaco.
E, claro que o Zé, nunca mais saiu de casa, com sua moto, sem levar na mochila um casaco para ele e para a Maria das Dores, com quem se casou um ano depois.
Ambos nunca esqueceram aquele passeio a Santos, no início de primavera. Nunca!!!!