COLUNA CHICO LELIS – AGILIDADE

Não sei como é hoje, com tantas marcas e tantas diretorias, que convivem dentro da Stellantis (você já contorno quantas são? Pois digo:  Abarth (terça-feira próxima, 14, será lançado o Fastback Abarth), Alfa Romeo, Chrysler, Citroën , Dodge, Fiat, Jeep, Peugeot, RAM, com um número enorme de modelos e suas opções), mas nos tempos em que era só Fiat, a coisa corre rápida como rastilho de pólvora.

Certa vez eu disse a um ex-diretor do fabricante que eu descobri que as coisas lá dentro aconteciam assim: três ou quatro diretores se encontraram no corredor e um deles lançou uma ideia. Todos estavam para suas salas e, como que por milagre, o projeto estava pronto para seguir adiante. A resposta dele foi: “sua colocação é um tanto quanto fantasiosa, mas aqui nós não perdemos muito tempo com reuniões intermináveis ​​como acontecem em muitas empresas, quer sejam do setor ou não”. E ele falou de cátedra, porque já havia trabalhado em outros dois fabricantes de veículos.

Pois bem, um dia fui o estopim para provar essa rapidez que reinava na Fiat. Corria do ano de 2010, a marca levou bolsas de jornalistas até Betim, para conhecer o novo motor E.TorQ, 1.6 16V e 1.8 16V, nos modelos da linha Palio. Na verdade, eles já equipavam o Punto e em breve iriam também para o Idea.  

Antes da apresentação formal do carro, visitamos a linha de montagem, como sempre acontecia nos eventos das fábricas de automóveis.

Fomos levados para um auditório onde engenheiros, designers e pessoal de vendas falaram do produto, inclusive do novo tecido que adornava os bancos do modelo.

E onde está escrito E.TorQ? 

 

Foi então que eu gritei a maior “saia justa” para a diretoria da Fiat brasileira com a minha pergunta inocente, antecipada por um pequeno “discurso”: todos sabemos que entre nós, brasileiros, não basta comprarmos um carro novo. Ele precisa parecer novo, tendo algo que difere do carro anterior. Afinal, se o consumidor tem um Palio na garagem e comprar um outro Palio, mas este com E.TorQ, mas não tem nada que comprove isso, seu vizinho não vai acreditar que seja um modelo novo. É que, durante uma visita à fábrica, eu não vi nenhum carro com a inscrição (logotipo) referente à nova motorização.

A própria Fiat, anos antes colocou um adesivo nos vidros traseiros do seu Uno (modelo antigo) que ele foi fabricado naquele ano, pois não havia nenhuma atração para conquistar o consumidor.

Foi ai que o diretor da Engenharia da Fiat e responsável pela E.TorQ, abriu um enorme sorriso e me agradeceu, “reclamando” que tinha esquecido deste detalhe. E me chamou para tomar um café.

Os diretores trocaram olhares entre sim, como o que diz, “que mancada Fred” (lembra quando o Barney falou isso ao Fred, nos Flinstones?). Bem, depois desses olhares, o diretor Comercial explicou o inexplicável e a coletiva contínua.

Por que estou fazendo essa introdução? Para endossar minha tese inicial de que na Fiat, muitas “reuniões” nos corredores viravam decisões importantes em poucas horas.

Acontece que, dois dias depois, exatos dois dias, todos os novos modelos, incluindo os que já estiveram nas entregas, a milhares de quilômetros de Betim, exibiram o adesivo E.TorQ em sua traseira. Recentemente perguntei a alguém da Imprensa Stellantis se ainda era assim e a resposta foi assim: “por incrível que pareça, as decisões são tomadas com uma grande rapidez na empresa”.

E, dias depois desse lançamento, o carteiro (ainda não existia o Mercado agradecimentos dele.Livre) bateu à minha porta com uma caixa nas mãos, com o nome do diretor da Fiat estampado no “remetente”. Quando abri, lá estava uma dessas modernas máquinas de café e um bilhete dele.

 

 

 

 

 

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