MOTOCROSS! 50 ANOS DO ESPORTE NO BRASIL

A primeira vez que ouvi falar de uma corrida de motocross foi em 1973. Montaram um traçado na Praia do Leme, no Rio de Janeiro, e eu fui lá assistir com meu irmão, Jorge, que levou sua máquina fotográfica, uma Yashica TL Super, e gastou um filme de 36 poses, preto e branco, da competição. As fotos ficaram ótimas e foi nesse dia que passei a ter dois ídolos no esporte que via pela primeira vez, Luizmar Muniz, o “Chaveta”, do Rio de Janeiro e Nivanor Bernardi, que representava o Paraná mas que na verdade nasceu em Santa Catarina. “Chaveta”, de Suzuki, e Nivanor, de Yamaha, travaram duelo mortal vencido por Nivanor que demonstrava mais experiência. Nivanor já havia participado da primeira temporada do motocross paulista em 1972 e só algumas décadas depois fui descobrir que o esporte no Brasil começou em 1971 numa corrida em Curitiba no Paraná.

Esse início no Paraná, que enche de orgulho os seus pioneiros, acabou credenciando o estado a sediar a comemoração dos 50 anos do motocross no Brasil. Quem teve disposição para tocar o projeto do evento comemorativo foi o piloto Eduardo Saçaki, o Japonês Voador, uma das maiores estrelas do esporte no Brasil. Paranaense, Saçaki tem uma história de vida fantástica e muitos títulos na carreira inclusive uma temporada no Japão de muito sucesso.

Foi Saçaki, que hoje trabalha para a Superintendência Geral de Esportes do Governo do Paraná, no Departamento de Inovação do Esporte, quem arregaçou as mangas e levou para o interior do estado, Londrina, a esperada festa. Durante o ano de 2021 os veteranos passaram a se comunicar quase que diariamente num grupo de whatsapp e a aceitação do evento em Londrina foi total. Enquanto a turma se organizava para passar os dia 13 e 14 de novembro em Londrina, Saçaki lutava para fazer um evento a altura para receber os pilotos veteranos que viriam de todo país.

Para participar do evento a minha aventura começou no Rio de Janeiro. Arrumei uma parceiro para a viagem, Maurício Papaleo ex piloto e detentor de farta memorabila do motocross nacional, peguei uma Fiat Toro com motor turbodiesel cedida pela própria Fial, e primeiro fomos em direção a cidade de Socorro, interior de São Paulo, onde seria inaugurado o CCM- Centro Cultural Movimento, uma verdadeiro museu que reúne momentos fantásticos, motos e outras preciosidades do motociclismo e do ciclismo deste país. Esse museu é um projeto antigo de Carlãozinho Coahmann que agora se realiza com a assinatura de sua Motostory. A inauguração foi um sucesso com momentos muito emocionantes porque verdadeiras lendas da motovelocidade e do motocross estiveram presentes. Junto das lendas também estiveram em Socorro outras pessoas muito importantes que fizeram e ainda fazem parte desse mundo das duas rodas no Brasil. De Socorro fomos para Londrina por estradas menos conhecidas do interior de São Paulo. Com um dia lindo e um visual deslumbrante o tempo passou rápido e lá estávamos em Londrina. Já no hotel deu para perceber o clima retrô, Mario Calcia e Ibere Matorin do Rio de Janeiro, Geraldo Starling de Minas Gerais e Roque Colmann, Uruguaio radicado em São Paulo foram os primeiros que encontrei. Detalhe, o mineiro Geraldinho já está com 72 anos e continua acelerando e Roque está com 76 e ainda fatura títulos mundiais na categoria Veteranos. Esses quatro que mencionei começaram a correr na década de 1970 portanto são da primeira safra do esporte.

Citei esses nomes mas vai ficar difícil escrever porque a memória vai me trair e vou omitir certamente alguns que são muito importantes nesta história mas vamos em frente. Veio gente de todo Brasil e dois dos Estados Unidos, Marcio D`Ávila e Rodney SmithRodney chegou aqui em 1985 e ajudou a fazer uma revolução no esporte. Foi aqui onde ele se desenvolveu e depois partiu para a Europa sagrando-se 3º no Mundial de Motocross 250 para voltar para sua terra natal onde faturou vários títulos nacionais de enduro.

Gente que começou a acelerar nas pistas na década de 1970 e nas décadas 1980, 1990, etc. Apareceram os pilotos veteranos e alguns da nova geração. A organização montou uma pista no complexo do autódromo de Londrina e liberou para os pilotos, em grupos, pela década em que eles começaram no esporte. O consagrado locutor das corridas do Hollywood Motocross e de diversas outras competições, o mineiro José Avelino, o popular Zezito, também esteve presente e chorou emocionado junto com outros pilotos quando colocaram nos auto falantes a música Boleros de Maurice Ravel que era tocada nos momentos que antecediam as largadas da provas do Hollywood Motocross, evento que revolucionou o esporte e deu popularidade quando surgiu em 1983 com uma super organização, Workshow, e com transmissão de todas as provas ao vivo na TV.

Além do encontro dos pilotos que puderam matar as saudades de uma pista por dois dias, muitos estavam inativos há anos, aconteceu um almoço com muitas homenagens e onde o organizador, Eduardo Saçaki, contou todo seu esforço e dedicação para executar o evento. Vários veteranos usaram da palavra para externar agradecimentos ao esforço do Saçaki em organizar a bela festa e todos se emocionaram com as lembranças de grandes e importantes histórias.

Muita gente foi homenageada durante esse almoço que se estendeu até o jantar e até uma banda tocou para os saudosistas que não se cansaram de se abraçar.

Já disse que vou esquecer nomes e já andei falando alguns neste texto mas vou me arriscar citando mais algumas lendas que apareceram como Beto Boettcher, Jorge Negretti, Marlon Olsen, Alvaro Cândido “Paraguaio” Filho, Gilberto Penteado, Marco Usso, Luizão Azevedo que foi meu parceiro em duas edições do Rally Dakar, Ricardo “Cerejinha” Jacobi, Claudinho Teixeira, Munhoz, Muniz, Sergio Marreta, Marcelo Shimoguiri a turma do RJ com Marcelo Canano, Luiz Henrique “Careca”, Paulinho Marola, Maurício Papaleo, Ibere MatorimMario Calcia e o Beto Paim que foi de ônibus saindo de Vassouras, interior do Estado do Rio de Janeiro, fazendo várias conexões para chegar em Londrina, um guerreiro. Eu já falei deles mas não custa reforçar a presença do Geraldinho Starling, Roque Colmann, Márcio D`Ávila e Rodney Smith. Todos que estiveram presentes se não estão nesta lista fiquem sabendo que estão bem representados pela turma mencionada acima.

Não posso esquecer de citar também que o evento recebeu a presença marcante das meninas entre elas Thais Kreimer e Adriana Costa. Também foram preparadores, mecânicos, dirigentes, a turma de Canelinha – SC e o Luiz Felipe Campelo, pioneiro da primeira corrida, e maior divulgador da estreia do motocross no Brasil, em Curitiba, no ano de 1971.

O evento contou com o apoio da Prefeitura de Londrina, do Governo do Estado do Paraná com sua Superintendência Geral do Esporte, Jogos da Aventura e Natureza, Pioneiros do Motocross Paranaense, Federação do Paraná de Motociclismo e SH23.

As fotos exibidas na sequência foram tiradas das mídias sociais e se percebe bem a alegria de todos.

Foi uma mega festa e algumas ausências foram sentidas mas a turma que participou ficou tão empolgada que quer transformar o evento em anual e muito mais grandioso. Contem comigo e fico torcendo por isso.

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