COLUNA DO JOÃO MENDES – NO AR EM 18/01/2021

A REESTRUTURAÇÃO DA FORD

Esse foi o assunto da semana em todas as mídias, o anúncio da Ford dizendo que vai fechar suas fábricas no Brasil. A que produz o utilitário Troller vai esticar a produção até quase o final do ano e essa eu arrisco dizer que será comprada por alguém.

É uma operação pequena que deve dar lucro na mão de empresa enxuta. Aliás, a Troller era uma empresa pequena que a Ford comprou, melhorou o produto com sua tecnologia e mais recentemente disponibilizou até o câmbio automático para seu modelo T4 que ficou bem atual e desejado pelos amantes do fora da estrada. 

Para as fábricas de Taubaté (SP) e Camaçari (BA) fica a torcida para que alguém compre, talvez alguém da indústria chinesa que está com muita grana, e mantenha a operação mas lembro que recentemente a Ford fechou sua fábrica de caminhões e ninguém se interessou pelo espaço. Acho que o problema se agrava em Camaçari onde foi montado um polo industrial em torno na Ford que perdeu os incentivos fiscais em dezembro que mantinham a sua sobrevivência financeira. Vários sistemistas foram para a região para fornecer para a Ford.

É bem verdade que depois o grupo FCA (Fiat Chrysler) construiu sua fábrica no estado de Pernambuco e alguns desses fornecedores da Bahia podem estar fornecendo para  mas a situação na região vai ficar muito ruim porque o entorno cresceu com uma demanda que vai acabar.

A Ford no ano de 2020, um ano ruim para a indústria, vendeu 139.139 unidades, uma queda de 36% em relação a 2019 quando atingiu a marca de 218.432 unidades. Agora imagina a situação dos fornecedores de pneus, rodas, vidros, bancos, sistemas elétricos, faróis, lanternas, etc. O impacto vai ser muito grande.

A Ford foi a 5ª montadora do Brasil em 2020. Em Camaçari a cidade cresceu muito depois da Ford, novos hotéis, restaurantes, ampliação do comércio em geral e todos vão perder muito e certamente muitos vão fechar as portas. A Ford afirma que vai manter em Camaçari seu centro de desenvolvimento, que tem um time de engenheiro de altíssimo gabarito, e podem trabalhar até para criar produtos que serão fabricados em outros países. O campo de provas da empresa em Tatuí (SP) também será mantido.

A Ford, lá nos Estados Unidos, já tem um tempo que definiu que só iria produzir picapes, SUVs e o icônico Mustang. O Brasil deu azar de não produzir aqui essa linha. A picape Ranger é produzida na Argentina e o comercial Transit no Uruguai. Não é nada contra o Brasil especificamente e eu lembro que o Focus, nas suas versões sedã e hatch, era produzido na Argentina e a produção parou em maio de 2019.

Você pode até falar que eles vão continuar com os SUVs pelo mundo e o Ecosport é um SUV mas é compacto, tem pouco mercado lá fora e aqui estava tomando uma surra do Volks T-Cross, Jeep Renegade, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta e Nissan Kicks. Mas a Ford vai continuar no Brasil, não vai embora não ! Está fazendo essa reestruturação e vai continuar vendendo a picape Ranger, o comercial Transit, o SUV premium Territory que vem da China e foi muito premiado no Brasil, o esportivo Mustang, deve lançar outro ícone da marca, o Bronco (FOTO), que foi produzido nos Estados Unidos de 1966 a 1996 e agora volta com força total na sua 6ª geração, e ainda tem o os carros elétricos que já já estarão por aqui em grande número.

Para os clientes da Ford que possuem os carros que saíram de linha ficam as dúvidas sobre o atendimento, as peças, etc. Outra dúvida é o que vai acontecer com as aproximadas 350 concessionárias da marca. Esse número vai diminuir? Algumas vão fechar? Mudar de bandeira? Isso só o tempo irá mostrar. 

própria empresa em seu site, afirma: “A Ford continua comprometida com os clientes no Brasil e na América do Sul com um modelo de negócios ágil e sustentável baseado em uma linha de veículos icônicos, conectividade e eletrificação. A Ford estará ativamente presente no Brasil atendendo seus clientes com um portfólio de SUVs, picapes e veículos comerciais modernos e conectados”. 

A Ford na verdade vai começar uma nova era focada não em números expressivos de venda mas num lucro que não vem obtendo faz tempo.

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